deni zolin

Não a discursos totalitários, de qualquer lado

18.306

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: reprodução

Quando o secretário nacional de cultura do governo Bolsonaro faz um discurso copiando frases do nazista Joseph Goebbels e diz que só um tipo de cultura, nacionalista, deve prevalecer, faço um convite a todos para assistir ao documentário "Arquitetura da Destruição", disponível no YouTube, que denuncia a estratégia feita pelo governo Hitler para manipular o povo alemão e justificar o banimento de 730 artistas e de quadros e esculturas que retratassem pessoas com rostos distorcidos (fotos) - ditando o que seria a cultura pura. Esse documentário traz trechos de filmes que os nazistas faziam para justificar a esterilização de pessoas com doenças mentais e para colocar a culpa de tudo nos judeus. Esses filmes do governo passavam nos cinemas. Um dos trechos dizia o seguinte:

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"Hoje, as pessoas saudáveis vivem em guetos e casebres. Porém, foram construídos palacetes para os loucos. E eles nem sequer se dão conta de toda a beleza que os cerca. O povo alemão mal sabe a extensão dessa peste, onde milhares (de loucos) têm de ser alimentados e tratados. Indivíduos que são inferiores a qualquer animal. Nos últimos 70 anos, nossa população aumentou 50%, enquanto a doença hereditária cresceu cerca de 450%. Se essa situação persistir, em 50 anos, teremos um doente (mental) para cada quatro pessoas saudáveis. Uma sequência de horrores invadirá nossa nação. Um infortúnio sem igual afetará nossa raça, que marchará cabisbaixa para seu destino".

Outro filme mostrado nos cinemas aos alemães dizia que os judeus eram uma peste, que se infiltrava na Alemanha para explorar o povo, e comparava judeus a ratos, mostrando cenas de camundongos roendo sacos de farinha em um engenho.

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Essa lavagem cerebral feita nos alemães teve um resultado trágico que, infelizmente, todos conhecemos, com o extermínio de milhões, não só de judeus, mas de qualquer pessoa que não era considerada pura: pessoas com doenças mentais, ciganos, gays... É por isso que esse tipo de acusações do secretário e das falas racistas e homofóbicas de Bolsonaro, de ministros e parte de seus seguidores, além dos graves ataques dele à imprensa, assustam tanto. Um líder de um país jamais deveria agir assim. Ele, que tanto critica, com razão, os regimes totalitários na Venezuela e Cuba, acaba agindo parecido com eles - ao menos, no discurso.

Digo isso para ressaltar a importância de conhecermos a história e evitar que esse tipo de fato se repita. Pelo menos, as falas infelizes do secretário de Cultura de Bolsonaro foram rechaçadas aqui, e o presidente da República o demitiu - mais grave seria se o secretário fosse mantido.

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Conhecer a história também é fundamental para ligarmos o sinal de alerta quando governantes, seja de direita ou de esquerda, tomam atitudes ou discursos autoritários, como Bolsonaro, ou se dizem salvadores da Pátria e seres iluminados acima da lei, como Lula. O petista, que, apesar das condenações e de outros fortes indícios de crimes de corrupção que cometeu e deixou cometerem em seus governos, com desvios bilionários, jamais reconheceu qualquer erro. Ele, inclusive, diz só se arrepender de não ter feito mais - em falas quase delirantes. Lamentavelmente, há pessoas sem senso crítico, tanto da direita quanto da esquerda, que não são capazes de reconhecer os erros de seus "ídolos" políticos, como Lula e Bolsonaro. Me desculpe, mas se você idolatra algum político e não vê seus defeitos, abra o olho.

Um governo jamais pode impor esse tipo de limites à arte ou à opinião das pessoas. Se você não concorda com o que escrevi aqui, é normal e faz parte da democracia. As ideias e os projetos de país devem ser debatidos com respeito. Jamais com intimidação, ataques ou ditames do que é certo ou errado.

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